Como ler quadrinhos (de Supers)?

É notório que uma onda bastante comum na indústria cinematográfica é aproveitar histórias e personagens de outros veículos em suas produções e um filão central atualmente são os quadrinhos! Uma aposta acertada, visto os milhões que estas produções tem rendido para os bolsos de suas produtoras, é só perguntar a Warner Bros, Marvel Studios, Sony Pictures ou mesmo para a FOX (Apesar dos Quartetos Fantásticos no meio do percurso..)

Lógico que em um terreno tão fértil para novos fãs deveria ser revertido para o mercado de Comics, afinal todas aquelas pessoas que conheceram grandes heróis e personagens cativantes através da telona ou das séries para TV e serviços de streaming deveriam se sentir motivadas a saber mais a respeito daquele personagem que os cativou. Infelizmente, isso não acontece da forma que deveria, por que?



Você ainda reconhece seus heróis?


Uma das causas é que HQs são tão complexas que assustam um propenso leitor, principalmente se forem do gênero Supers. Duvida? Tente ir em uma banca e procurar por uma HQ que você acompanhava quando criança ou que teve contato por outros meios como em um desenho na TV (os X-Men, por exemplo) e tente ver as diferenças. Talvez os personagens aparentem estar mais velhos ou não. Alguns podem ter sumido, outros foram adicionados e seu herói favorito provavelmente estará um pouco diferente do que você lembra, como seria de se esperar. Mas agora tente entender o que está acontecendo com ele (aqui começa a complicar), contra quem ou o que ele está lutando e porquê (essa com certeza, você não entenderá), e por fim o que está acontecendo no universo onde seu herói está inserido. Nesse momento você deve estar recolocando a revista no lugar enquanto faz uma cara de espanto, não é?


Mas, mesmo assim, você ainda gosta de HQs e quer ser um leitor assíduo, então por onde começar?


1 - Longas e séries animadas são um bom começo


Além dos filmes de longa metragem, um setor que as produtoras já exploram há algum tempo para atrair mais leitores é o de desenhos animados. Quem não lembra do velho cartoon dos Superamigos ou de Homem-Aranha e seus Incríveis Amigos? Er... Bom, se você tem menos de 20 anos provavelmente não se lembrará mesmo... :P
Então, que tal como exemplo: Liga da Justiça: Sem Limites, O Espetacular Homem-Aranha e Vingadores: Os Heróis mais poderosos da Terra? Melhorou, não é?


As séries animadas, apesar de terem uma história mais simples e bem mais leve por seu alvo ser o público infanto-juvenil, servem de espelho para o cenário mais recente do universo retratado nos quadrinhos.
Se acha que não, perceba os membros da LdJ em Superamigos e em Liga da Justiça: Sem Limites, eles mudaram em conceito e visual para refletir as alterações que sofreram em sua cronologia nos quadrinhos. Além disso, você será apresentado a uma miríade de origens de heróis e vilões que vão te fazer, enfim, entender quem é quem, quando estiver lendo. As séries costumam, inclusive, adaptar sagas famosas com algumas alterações.


As séries animadas refletem o cenário das HQs de sua época


Por falar em adaptação de sagas, um mercado que surgiu  com essa ideia foi o de Longas Animados. Em geral, eles tomam um arco de histórias aclamado pela crítica e criam uma adaptação que tenta ser o mais fiel possível à história original, sem no entanto exigir um intricado conhecimento da cronologia do(s) herói(s), por parte do espectador. Um bom exemplo são os longas da DC como o Batman: O Retorno do Cavaleiro das Trevas (não confunda com o filme) e Superman: Grandes Astros, ou Planeta Hulk, da Marvel.


2 - Procure por Graphic Novels


Está pronto para começar? Então aconselho seguir pela maneira mais fácil: com revistas avulsas que contem uma história ou apresentem o(s) personagem(ns) de forma independente, sem ligações com eventos ou outras leituras. Essas revistas são geralmente lançadas em minisséries e mais tarde em edições com formato especial, com uma denominação ainda mais especial, Graphic Novel. Entre alguns exemplos de destaque estão a Batman - A Piada Mortal (2009) de Alan Moore, Superman - Entre a Foice e o Martelo (2006) de Mark Millar e Terra X (2009) de Alex Ross.


   


3 - Arcos e encadernados


Um dos mitos que se deve esclarecer para quem está interessado em ler quadrinhos é que não é necessário começar de uma edição #1. Bem verdade, dependendo do personagem você teria toneladas de revistas para ler até chegar no ponto atual do mercado... Mas, por sorte, as HQs passaram a atuar sobre um sistema interessante de publicação que são os “arcos de história”. Explicando de forma mais fácil, quando uma mesma narrativa é contada através de vários episódios, que podem ou não influenciar no desenvolvimento da história do personagem. Assim, você pode esperar o fim de um arco para começar a ler o seguinte sem ficar muito perdido.


Alguns arcos são tão bons que chegam a ser comentados por vezes em sites especializados e em fóruns de fãs, o que acaba gerando uma demanda que a editora atende com o lançamento de uma edição encadernada onde toda a narrativa pode ser obtida pelo leitor de forma mais fácil. Alguns exemplos de bons arcos são a A Saga da Fênix Negra dos X-men (1963), A Última Caçada de Kraven do Homem-Aranha (1986), A Morte e o Retorno do Superman (1992) e Morte em Família (1989) do Batman.


 


4 - Cuidado com os eventos!


De tempos em tempos, surge um arco de história tão grande que ele não apenas modifica a linha do tempo de uma revista em específico, mas também todo o universo de personagens de uma editora. São os chamados Eventos. Geralmente, esses Eventos vem de alguma decisão do alto escalão editorial, como eliminar publicações que não tem vendas significativas ou impor um novo conceito ou padrão de comportamento ao universo e exigem um esforço em conjunto da equipe criativa para adequar as mudanças ao universo de seus personagens.


Algumas vezes, essas decisões editoriais são tão bem executadas que geram histórias fantásticas como a cultuada Crise nas Infinitas Terras de 1985, que surgiu da necessidade da DC de eliminar os múltiplos universos paralelos de suas linhas editoriais que estavam fragmentando as vendas da editora, e transformou o evento em uma das obras mais importantes dos quadrinhos pela carga de drama envolvida na narrativa, ou o Massacre Marvel de 1996, que veio da necessidade da Marvel de fazer uma limpeza nas revistas de heróis que não estavam indo bem nas vendas, como Thor, Capitão América e Quarteto Fantástico.


Outros eventos que merecem ser citados são: Guerra Civil (2006) da Marvel, Guerras Secretas (1963), A Noite mais Densa (2010) e, por fim, Flashpoint (2011), o ponto de origem para a reformulação da DC Comics.




O problema dos eventos é que eles são uma espada de dois gumes: Podem te fazer aprender muito sobre o universo de heróis da editora em pouco tempo, mas exigem uma carga de leitura que é demasiado pesada para quem está ingressando. Por exemplo, enquanto o título especial de Guerra Civil tem apenas 7 edições, para entender melhor o evento é necessário ler um conjunto de aproximadamente 102 revistas!


5 - Agora, espera a onda e surfa!


Se você chegou até aqui com vida, já deve estar mais que pronto para acompanhar os quadrinhos periódicos sem se perder (muito) no enredo.


Mas, como dizem, a primeira impressão é a que fica. Então, nesse ponto, fique ligado em sites especializados (como o nosso) sobre as próximas revistas de sua editora ou herói preferido, procurando bons arcos que já foram publicadas nos EUA, acumularam boas críticas e que estão para ser lançados em nosso país. Ler algumas resenhas sobre o arco atual também seria uma boa pedida...


Aguarde os seus lançamentos e parabéns, você é um novo fã colecionador de quadrinhos!

Gostou? Não gostou? Como foi sua primeira experiência com quadrinhos? Comente abaixo!

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